Professor Ademir Ferraz, 33 anos de UFRPE mas uma postura reacionária |
O atual debate na UFRPE
reacendeu diversos temas e reflexões sobre nossa universidade. Quem diria que a
nossa centenária universidade, que enfrentou a ditadura militar, encabeçou a
proposta governamental de expandir sua presença para o interior, que entrou,
contudo no debate das cotas e sempre esteve na linha de frente quando se tratou
de combater os desmandos acometidos em relação ao ensino superior no país,
ainda traria consigo posturas atrasadas como essa que estamos vendo e a que
somos submetidos todos os dias.
A universidade, apesar
de muitos insistirem em não reconhecer, é produto de nossa sociedade e, como
tal, traz consigo reflexos dessa sociedade que, apesar de toda informação disponível
em nossos dias, consegue trazer, infelizmente, esse tipo de atitude. Daí nos
vem um questionamento: isso deveria acontecer justamente em uma universidade? Parece que sim. O que não podemos nos esquecer
de analisar a origem dessa postura e como esse reflexo de nossa sociedade se
manifesta em nossa universidade, mesmo parecendo contraditório, se tratando de
um ambiente, aparentemente, alheio a esse tipo de comportamento preconceituoso,
reacionário e inadmissível.
A verdade é que as
universidades trazem consigo diversos resquícios de sua origem de classe. Essa
opinião conservadora vem dês do inicio de nossa centenária instituição, que
parece ainda impregnar algumas mentes menos abertas para enxergar que a sociedade
não cabe apenas em nossa pobre opinião. A atitude de homofobia do professor Ademir
Ferraz demonstra como ainda há, e muito, desse atraso em nossas universidades,
um espaço que deveria ser totalmente livre desse tipo de postura.
Ainda não podemos
esquecer que a ditadura militar deixou seu rastro também em nossa instituição e
até as unidades são vítimas disso, mesmo tendo menos de dez anos cada. Exemplos
dessa postura conservadora foi o caso do ex-coordenador da UFRPE, Cloves Silva,
estudante da UAST, detido pela polícia em 2011 por dirigir uma assembleia na
unidade contra o museu de obras. Após o ocorrido a direção da UAST abriu um
processo contra o estudante, exigindo a sua expulsão baseado no famigerado
decreto 477, criado na ditadura para reprimir os estudantes. Além desse o
recente caso de racismo ocorrido na UAG, ano passado. Há quem diga que não, mas
o fato do regimento da UFRPE, e de muitas universidades do país, ainda serem da
época da ditadura militar não é mais uma prova de como estamos vivendo num ambiente
de atraso?
Racismo, preconceito,
machismo e homofobia são atitudes que se veem em nossas universidades e não é
algo restrito a UFRPE. Cotidianamente temos que nos deparar com situações de assédio
moral por parte de certos funcionários e professores a estudantes entre outros
casos. Cabe ao movimento estudantil o papel de denunciar e cobrar a punição de tais
ocorrências bem como propiciar o debate em torno do assunto, para por um fim
real a tais atitudes.
No caso do professor de metodologia científica
e matemática da UFRPE, que trabalha na instituição há 33 anos, ficou claro que
ainda temos muito a crescer, mudar nossa visão de mundo em relação a nós mesmos
e aos outros. A reitoria afirmou não poder intervir no caso de modo mais incisivo,
já que o fato ocorreu numa rede social e “fora da universidade”, as, de
qualquer forma cabem ainda umas perguntas: é esse tipo de profissional que
queremos formando nossos estudantes? Que tipo de profissional queremos formar
para a sociedade? Quanto custa para um ambiente acadêmico, que deveria estar
distante desses atrasos, reproduzir esse discurso da intolerância, da homofobia
e do preconceito? A direção da universidade irá conciliar com essa postura? A comunidade
acadêmica mostrou que não está nem um pouco a favor desse atraso que mancha o
nome de uma instituição que já foi capaz de vencer outros tipos de “equívocos de
nossa sociedade impregnada de atrasos e lacunas” que precisam ser vencidos e
preenchidas.
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