quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vote chapa 1 para Reconstruir o DCE

As eleições do DCE é sempre um momento muito importante dentro da URPE, não só pela renovação da gestão, como também pelo balanço que se faz, junto aos seguimentos estudantis da situação da educação em nossa instituição, hoje presente do Litoral ao Sertão. A UFRPE sempre foi destaque na luta por uma educação de qualidade, na defesa de um país democrático e por mais verbas no ensino superior e pela assistência estudantil de qualidade. Nesse contexto o movimento Resistência se orgulha de fazer parte na construção dessa história de mais de cem anos.
O movimento Resistência surge na UFRPE ainda no fim dos anos 60, início da ditadura militar, que dominava a vida acadêmica e amarrava a democracia em nosso país. O estudante de Veterinária, Valmir Costa, militante dos movimentos sociais em Alagoas, sua terra natal, inicia em 66 o processo de construção do movimento estudantil pela base, mesmo com as limitações impostas pela ditadura. Na UFRPE os estudantes elegeram seus representantes de turma, construíram diversas assembléias, formaram seus Diretórios Acadêmicos e retomaram o DCE. Em 1968 a histórica greve da Rural, em defesa de um RU de qualidade, baixa dos preços da Xerox e melhorias na grade curricular levou o movimento estudantil pernambucano a um dos momentos mais fortes de enfrentamento a ditadura militar: exercito cercando a universidade, água e luz cortada, e ameaças de invasão ao campus. Os estudantes não tiveram alternativa: seqüestraram o reitor. Após mais de 30 dias toda a reivindicação foi cumprida, as faltas abonadas, os líderes tiveram a garantia de que não sofreriam represálias e a greve acabou. 100% vitoriosa.
Esse é um poço do espírito da UFRPE em relação ao movimento estudantil: marcha dos 30 mil em Recife após a marcha dos Cem mil, participação do histórico congresso de Ibiúna da UNE, Reconstrução da UNE e da UEP nos anos 80 até a recente criação da Oposição de Esquerda da UNE e a interiorização do DCE e consolidação do movimento estudantil no interior. Nos orgulhamos dessa história de luta dentro da UFRPE.  Foi por isso que Yuri Pires Rodrigues, ex-estudante de História, coordenador geral do DCE por duas vezes, e 1° Vice-presidente da UNE eleito pela Oposição de Esquerda, reorganizou o movimento Resistência no ano de 2005, homenageando essa história de luta que nossa universidade traz consigo.
Assim foi feito. Os estudantes da UAG e da UAST puderam participar efetivamente do DCE, eleger seus representantes nos Diretórios Acadêmicos, participar da vida política da UFRPE como um todo e dos fóruns deliberativos da UPE e da UNE. Em 2008, quando a Chapa Reconstrução (que contava com a participação de vários coletivos da UFRPE) reabriu o DCE, que se encontrava fechado, entregue às baratas e desacreditado pelos estudantes, pela reitoria e por toda comunidade acadêmica da UFRPE. Irônico era o fato de que o DCE era dirigido pelos mesmos dois grupos que hoje se denominam “Mais Vale o que Será”, a juventude do PSTU (o mesmo que dirige o sindicato dos técnicos e a associação dos docentes, a ADUFERPE) e o PCB, que se encastelou nos diretórios acadêmicos de Agronomia e Veterinária há anos.
O nosso desafio foi interiorizar o DCE para todos os estudantes e organizar, de fato o ME em todas as unidades da UFRPE. Foi assim que conseguimos uma audiência com o Governador do Estado, em 2009, pela construção da estrada que dava acesso a Unidade Acadêmica de Serra
Talhada (UAST) ou quando os estudantes da UAG conseguiram uma audiência pública com o MEC, após vários atos dentro de fora do campus, para debater a situação da primeira expansão realizada pelo REUNI. Também não duvidamos quando colocamos o primeiro coordenador do DCE do interior, o estudante de Agronomia (na época) Cloves Silva, da UAST, que além de estar na coordenação geral do DCE participava ativamente do conselho Universitário, principal órgão de decisão da nossa instituição. 
Ao lançar a chapa Reconstrução para a eleição de 2014, assumimos com orgulho, nossa história de luta e nossa contribuição para com a UFRPE. Uma história que só nos traz orgulho por tudo aquilo que foi conseguido dentro de nossa instituição. Dessa forma, é inútil tentar mudar o foco do debate dizendo que a chapa Reconstrução foi apenas uma mudança de nome. Errado! A chapa Reconstrução é composta por diversos coletivos e lideranças de toda a UFRPE, por diversos diretórios acadêmicos da Sede, da UACSA, UAG e UAST. É orgulho saber que a indignação dos estudantes não encontrou respaldo no “deixa que eu deixo” ou no mero “criticar por criticar”. A chapa Reconstrução foi formada com um único intuito: reabrir o DCE que só aparece nas unidades do interior em época de eleição e aula magna, não prestou contas da gestão que fizeram e mancharam o nome dessa entidade que leva o nome de Odijas Carvalho de Souza com a falta de compromisso com os estudantes e com as instancias da UFRPE.

Ter um DCE ativo significa a garantia de que não vamos ter as bolsas cortadas, como vimos na sede, nem a falta de informação que acarreta no interior, pelo simples fato da diretoria do DCE não ter como prioridade com a luta de todo estudante. “Ter ou não ter representação, eis a questão!” é isso que essa eleição vai definir. E isso é algo muito sério. Não se faz uma gestão apenas no discurso. Por isso, dias 2 e 3 de Dezembro, vote chapa 1, vote Reconstrução, para reabrir o DCE da UFRPE que hoje não está nas mãos dos estudantes. 


Coordenação do Movimento Resistência UFRPE.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Encontro Norte e Nordeste de Comitês Memória, Verdade e Justiça Aprova "Carta aos Brasileiros". Confira.


Carta do Recife



“Somos o que a memória guarda” (Fernando Brant). Sem ela, morre a identidade e se oculta à verdade para açoitar a justiça.



            O 2º Encontro do Movimento Memória, Verdade e Justiça do Norte e Nordeste do Brasil, que congrega os comitês, coletivos e organizações diversas que lutam pela preservação da memória, busca da verdade histórica e efetivação da justiça de transição, realizado em Recife (PE), nos dias 22 e 23 de novembro de 2014, dedicado ao escultor e militante político Abelardo da Hora, torna pública a seguinte carta aberta aos brasileiros e brasileiras.
            Um dos maiores atos de resistência da humanidade é o resgate, a valorização e a preservação da memória individual e coletiva sobre a qual se assentam os elementos fundamentais e necessários à construção de uma sociedade que tenha a verdade como instrumento basilar para se constituir justa, buscando a igualdade como valor universal entre os semelhantes.
Ao longo dos anos, acumulamos bastante neste debate e reunimos uma quantidade extraordinária de documentos, depoimentos e resoluções, a exemplo dos encontros de Cajamar (SP), abril de 2012, João Pessoa (PB) - julho de 2013 - e Vila Velha (ES) - maio de 2014.
            Contudo, em que pesem os avanços democráticos obtidos desde a Constituição de 1988, ainda não efetivamos a justiça de transição, mesmo após a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), cujo objetivo é apurar as graves violações dos direitos humanos ocorridas no Brasil entre 1946 e 1988.
Ainda persistem gritantes violações dos mais elementares direitos da maioria da população. No exato momento em que esta Carta é tornada pública, existe um negro, uma mulher, um membro da comunidade LGBT, um indígena ou um camponês, um pobre, enfim, sendo espancado, torturado, seviciado, humilhado por algum agente público a serviço do Estado.
            A prática da tortura e do assassinato ainda é utilizada como método preferencial e fomentador dos inquéritos policiais, porque os agentes que a praticam, mesmo cientes do crime que cometem, carregam consigo a certeza absoluta da impunidade. Pior. Há ainda uma cumplicidade de setores da sociedade, que findam por aplaudir silenciosamente esta excrescência.
            Tal legado foi institucionalizado durante o regime ditatorial e só será possível extirpá-lo quando todos os crimes perpetrados por agentes públicos, policiais ou não, no passado e no presente, forem apurados e rigorosamente punidos. Trata-se de crimes de lesa-humanidade e, por isso mesmo, são abomináveis, inesquecíveis, imperdoáveis e imprescritíveis.
Como evidencia a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA sobre o caso brasileiro, não há sentido em se falar de anistia para quem torturou, seviciou, assassinou e ocultou cadáveres de cidadãos e cidadãs que se encontravam indefesos e sob a guarda do Estado. Isto representou, na verdade, uma autoanistia. Como anistiar quem nunca foi punido? Ao contrário, esses senhores foram agraciados com medalhas, promoções e empregos, cortejados nos salões das elites econômicas e recebidos com pompas nos palácios e ministérios. Encaminhá-los à barra da Justiça para que sejam julgados e punidos exemplarmente é dever de todos (as) os (as) democratas do Brasil.
Enquanto esse passado recente não for minuciosamente revolvido, esclarecido, julgado e condenado, sendo enterrados seus tentáculos, continuará ameaçando o presente, como acontece nos vários casos de desaparecimento, no extermínio da juventude pobre e, em geral, dos moradores da periferia geográfica e social do Brasil.
Todo este entulho autoritário resulta na sobrevida da ideologia fascista em setores da sociedade, especialmente dentro das Forças Armadas e das Polícias Militares, claramente perceptível no currículo aplicado nas escolas militares, na existência da Justiça Militar e nas relações com a Escola das Américas.
Na atual conjuntura brasileira, a defesa e o aprofundamento da democracia precisam ser reforçados para que se respeite o resultado das eleições e se faça uma reforma política. Nossa frágil democracia ainda é manipulada sobremaneira pelo poder econômico e pelo monopólio dos meios de comunicação.
Reconhecemos os esforços da Comissão Nacional da Verdade e esperamos que seu papel histórico seja cumprido com a apresentação - no relatório final - dos casos pormenorizados dos horrores a que nosso país foi submetido por 21 anos consecutivos, da relação dos brasileiros e brasileiras mortos e desaparecidos, do nome de cada agente do Estado e de elementos colaboradores do regime envolvidos direta ou indiretamente nesses crimes, para que sejam julgados exemplarmente pela Justiça e pela História.
A realização deste 2º Encontro e a divulgação do relatório da CNV são, para nós, um marco nesta luta, mas o compromisso do Movimento Memória, Verdade e Justiça é anterior e estará além da existência de qualquer comissão oficial.
Ressaltamos ainda a importância histórica daqueles que tombaram na luta pela democracia no Brasil, bem como o papel de setores progressistas da Igreja, sintetizados aqui na figura de dom Hélder Câmara, e dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.
Continuaremos a mobilizar o povo brasileiro até alcançarmos o resgate dos restos mortais dos companheiros e companheiras assassinados (as) e a punição aos torturadores.
-Lembrar é resistir!

-Para que ninguém esqueça e nunca mais aconteça!